Enquanto a pandemia não
passa... vamos lá. Estive sumida, mas não foi por vontade própria. Custei a
retomar aquilo que é meu. O meu blog. Isso mesmo! Não conseguia postar. Era uma
forasteira por aqui. Alguém se apropriou dele e ainda bem... não fez muitos
estragos. Só me deixou de molho. E de quarentena, acabei me esforçando mais
para resolver isso. Consegui mas nem sei como. Mexi tanto que deu certo.
E ouvindo Maurício Manieri ficou bem mais fácil que pensei. Adoro as músicas
dele. Pois é! Aconteceram tantas coisas bacanas
na minha vida. Muitos tropeços, muita volta por cima e muitas vitórias.
Brigaduuuuu!
E a mais
importante sem dúvidas: ganhei alta da terapia. Tô felizzzzz. Com saudades do
Edinan mas imensamente agradecida. Foi no consultório dele que ouvi pela
primeira vez o termo codependência. Quase dei na cara dele. Rsrsrs! Mas fui a
fundo e me libertei.
Codependência ( é
um termo que é usado da área da saúde para referir-se a pessoas fortemente
ligadas emocionalmente a uma pessoa com séria dependência física e/ou
psicológica ou um comportamento problemático e destrutivo. " ( wikipédia
atuando).
Vou falar um pouquinho
do aconteceu comigo. Há muito tempo venho pensando nisso. Na minha história .A
intenção é de ajudar alguém que passa pelo mesmo problema. Vou começar pela
minha infância.
Tive uma infância muito
boa, alegre, divertida porém marcada
pelo medo de rejeição, abandono. Pudera! Caçula de 14 filhos. Minha mãe tinha
46 anos e meu pai , 50, quando nasci.
Quando estava na
faculdade que entendi o porquê de minha mãe me deixar no hospital no meu nascimento.
Ela teve depressão pós parto. Uma de minhas
irmãs foi me buscar no hospital, fez as minhas fraldas na máquina de
costura com lençóis. A minha cunhada me amamentou e meu irmão dizia que ele era
o pai de leite. Sempre ouvi de uma delas que já tinha gente demais lá em casa
quando cheguei. Mais tarde, eram as ameaças: “ se não obedecer, vou embora pra
casa de mulata”, dizia mamãe. Tinha uma raiva disso. E medo também. Será que
ela iria me deixar ( de novo)! Se Mulata
existiu de verdade não sei. Aff!
Minha mãe era uma
mistura de fada madrinha e bruxa. Era brava, mas contava muitas histórias e
poesias para nos fazer dormir. Fazia bonecas de pano, de espiga de milho.
Costurava lindos vestidos pra mim. Enquanto ela costurava, brincava ao seu lado
com minha boneca Susy. Ela me ensinou a bordar, fazer tricô e crochê. Cozinhar, então, nem se fala. Ela
mantinha todo mundo na linha e se orgulhava muito de todos nós.
Sempre pensei que tinha
que ser boa menina para que ela me amasse. Vai entender um negócio desses,
gente! Totalmente desnecessário. Pensei depois de longos anos de terapia. Ufa!
Ainda bem que essa neura em relação a ela passou. Perdoei a mim mesma e a ela
também.
Acontece mais ou menos
assim: a filha necessitando de sentir-se amada, confunde a dedicação que se tem
para com a mãe, de fazê-la sentir-se
bem, feliz, com elementos de engrandecimento e elevação da autoestima.
Priorizei sim as necessidades de minha mãe ( lembra: eu tinha que ser boa
menina para sentir amada, segura) , as opiniões, as vontades dela porque se não o fizesse, eu me sentia
culpada, envergonhada e... tinha medo de não ser aceita e amada. Isso não podia
ser assim, né?! Culpa, vergonha... é
inadequação! Isso me comprometeu a ter uma relação emocionalmente
equilibrada comigo mesmo, com ela e consequentemente com o outro. Me fez criar
uma falsa ideia de quem era a minha mãe.
Esse emaranhado de
situações e emoções me entrelaçou desencadeando um processo de dependência
emocional que eu acreditava até a algum tempo que iria grudar em mim para o
resto de minha vida.
Passou, amo minha mãe
com todo o meu coração e minha força. E tenho um respeito por ela e pude
demonstrar esse amor limpo no seu último ano de vida. Me dediquei
verdadeiramente à ela com a pureza de minha alma, sem culpa ou medo.
Todos nós precisamos
construir uma relação afetiva verdadeira, principalmente com os nossos pais para que possamos nos
sentir amados, seguros e íntegros. A segurança, no meu caso, estava fora de
mim. Só era feliz quando fazia o outro feliz, quem quer que seja, um coleguinha
da escola, os irmãos, os vizinhos, o namorado. Quando era aprovada por eles.
Como desenrolou essa
história? Ainda tenho mais pra contar. Mas tenha a certeza: eu liguei o foda-se
a tempo de me salvar. Pense numa coisa:
Se você só se sente
amada quando recebe aprovação dos outros ou quando faz os outros se sentirem
bem ou diz sim para tudo e para todos ou se sente vazia, só se completa somente
na companhia do outro ou não se valoriza porque o outro não te valorizou...
procure ajuda profissional. Vale a pena investir na gente e sair desse marasmo.
Na próxima
conversaremos mais. Aguarde! Um grande abraço.